terça-feira, 28 de dezembro de 2010

QUEM MORRE?


Morre lentamente
 Quem não viaja,
   Quem não lê,
     Quem não ouve música,
       Quem não encontra graça em si mesmo
          Morre lentamente
        Quem destrói seu amor próprio,
      Quem não se deixa ajudar.
    Morre lentamente
      Quem se transforma em escravo do hábito
         Repetindo todos os dias os mesmos trajetos,
           Quem não muda de marca,
              Não se arrisca a vestir uma nova cor ou
                Não conversa com quem não conhece.
                  Morre lentamente
                Quem evita uma paixão e seu redemoinho de emoções,

              Justamente as que resgatam o brilho dos olhos
            E os corações aos tropeços.
          Morre lentamente
            Quem não vira a mesa quando está infeliz
              Com o seu trabalho, ou amor,
                Quem não arrisca o certo pelo incerto
                  Para ir atrás de um sonho,
                   Quem não se permite, pelo menos uma vez na vida,

                     Fugir dos conselhos sensatos...
                      Viva hoje !
                     Arrisque hoje !
                   Faça hoje !
                 Não se deixe morrer lentamente !

               Não se esqueça de ser feliz !  
                                                          
          Martha Medeiros

segunda-feira, 20 de dezembro de 2010

Certa vez

Certa vez Ele conversou com um pequeno homem que roubava. Depois de um tempo, um bom papo, o pequeno disse: “Senhor, eu quero mudar de vida”.

Certa vez Ele encontrou com uma mulher, adúltera, cheia de culpa, carregada de medo, sem perspectiva para o futuro. Ele encorajou-a a experimentar outras trilhas.

Certa vez Ele parou tudo o que estava fazendo para conversar com uma mulher samaritana. Ela vivia seu sexto casamento, claramente desajustada em suas relações afetivas. Nenhuma condenação por parte dEle. No final da conversa Ele sugeriu uma água que mata a sede existêncial.

Certa vez, conversando com pastores, mestres e doutores, Ele chamou uma criança para mostrar que o Reino é para os pequenos, é pra gente sincera que não precisa fazer tipo.

Ele continua fazendo isso, conversando, incentivando homens e mulheres a perseverarem na caminhada do Reino. Ele continua propondo que deixemos nossas máscaras de lado, para que, como crianças, sem medo possamos descansar em seu colo.

Faça o funeral do deus da culpa e prepare a manjedoura, o Deus da graça quer nascer em sua vida.
Isso pode ser feito nesse dia que se chama hoje.

Villy Fomin

http://villycamargofomin.blogspot.com/

Céu, vida e morte

A proposta cristã mais propagada é que Deus está preparando um lugar para os que repetirem a senha criada pelos homens. O destino eterno das pessoas é decidido com uma frase ou levantando “uma de suas mãos”.
Ao repetir a senha a pessoa deixa de ser um habitante da terra e passa a ser um corpo estranho perambulando por esse mundo, aguardando algo mágico acontecer.
Minha percepção é que a ênfase do ministério de Jesus não foi vida pós-morte, ele falou sobre vida eterna agora, vida com valores que não estragam, não passam, não empobrecem nem apodrecem, por isso são eternos, por isso devem ser seguidos.
Jesus falou sobre uma vida com significado, convidou as pessoas a viverem com conteúdos eternos: humildade, mansidão, justiça, misericórdia, amor, sinceridade...
Nossa missão é rechear a terra com os valores do Reino, sabendo que o céu acontece quando esses valores são seguidos.

Não me preocupo com a morte, o destino eterno foi selado no calvário, não tenho acesso a nenhuma informação sobre a morte, nem quero ter. Concentro minhas energias na construção de minha história aqui, olho para a beleza da vida e não quero encarar minha existência como um projeto remendado, não! Tenho a vida sob minha responsabilidade e desejo viver de maneira que todos os que passarem por meu horizonte de influência sintam que a vida é bonita, é bonita e é bonita!

Villy Fomin
 
http://villycamargofomin.blogspot.com/

quarta-feira, 15 de dezembro de 2010

quarta-feira, 8 de dezembro de 2010

Versões de Mim

Texto de Luiz Fernando Veríssimo que fala dos nossos muitos “eus”, das nossas escolhas, do que podia ter sido, e do que é. Muito bacana!

quarta-feira, 24 de novembro de 2010


 
O rio mais copioso não pode acrescentar uma gota d'água a um vaso já cheio. Pode-se explicar ao homem mais ignorante as coisas mais abstratas, se ele delas ainda não tem noção alguma; mas não se pode explicar a coisa mais simples ao homem mais inteligente, se ele está firmemente convencido de saber muito bem o que lhe quer ensinar.

Leon Tolstoi em "O reino de Deus está em vós"

O rosto de Deus

Rafael, Michelangelo e vários outros pintores tentaram retratar o rosto de Deus. Foram infelizes. Como mostrar na tela quem nunca foi visto? Com a proximidade do Natal, mais artistas procuram esboçar o que imaginam ser o rosto de Deus.

Ele se parece com uma criança? É o frágil bebê das manjedouras? Talvez; o reino do céu pertence aos pequeninos, aos que mamam. Ao tentar desenhar o mistério, o artista termina com um ídolo.

O rosto de Deus, entretanto, pode ser experimentado nos sem-teto que perambulam pelas ruas e dormem nos viadutos das grandes cidades. Quando Jesus nasceu, a família estava sem moradia certa, não possuía recursos para pagar uma hospedaria e viu-se obrigada a refugiar-se em um estábulo.

O rosto de Deus pode ser percebido em vítimas de preconceito e em injustiçados. Sobre o menino que nasceu em Belém pairou uma dúvida: ele era de fato filho de José? O casal não inventara aquela história toda para se safar de um rolo?

O rosto de Deus se revela nos desprezíveis, nos que foram condenados à margem da história. Quando o menino nasceu, ninguém notou ou escutou o alarido dos anjos. A trombeta que anunciou paz na terra pela boa vontade de Deus passou desapercebida da grande maioria. Apenas um punhado de pastores foi sensível para presenciar o momento mais importante da história.

Qual o rosto de Deus? Ele não se parece com os cartões postais ou com o menino de barro das lapinhas. Deus é igualzinho a Jesus. E Jesus é bem parecido com o vizinho do lado, com a mulher que pede socorro na delegacia do bairro e com a família que chora a morte do filho no corredor do ambulatório.

Não é preciso muito para encontrar Deus, basta um coração de carne, humano.

Ricardo Gondim
Soli Deo Gloria
http://www.ricardogondim.com.br/

sexta-feira, 12 de novembro de 2010

sexta-feira, 29 de outubro de 2010

O guardador de rebanhos - VIII

[Fernando Pessoa]

Num meio dia de fim de primavera
Tive um sonho como uma fotografia
Vi Jesus Cristo descer à terra,
Veio pela encosta de um monte
Tornado outra vez menino,
A correr e a rolar-se pela erva
E a arrancar flores para as deitar fora
E a rir de modo a ouvir-se de longe.

Tinha fugido do céu,
Era nosso demais para fingir
De segunda pessoa da Trindade.
No céu era tudo falso, tudo em desacordo
Com flores e árvores e pedras,
No céu tinha que estar sempre sério
E de vez em quando de se tornar outra vez homem

E subir para a cruz, e estar sempre a morrer
Com uma coroa toda à roda de espinhos
E os pés espetados por um prego com cabeça,
E até com um trapo à roda da cintura
Como os pretos nas ilustrações.
Nem sequer o deixavam ter pai e mãe
Como as outras crianças.
O seu pai era duas pessoas -
Um velho chamado José, que era carpinteiro,
E que não era pai dele;
E o outro pai era uma pomba estúpida,
A única pomba feia do mundo
Porque não era do mundo nem era pomba.
E a sua mãe não tinha amado antes de o ter.

Não era mulher: era uma mala
Em que ele tinha vindo do céu.
E queriam que ele, que só nascera da mãe,
E nunca tivera pai para amar com respeito,
Pregasse a bondade e a justiça!

Um dia que Deus estava a dormir
E o Espírito Santo andava a voar,
Ele foi à caixa dos milagres e roubou três,
Com o primeiro fez que ninguém soubesse que ele tinha fugido.
Com o segundo criou-se eternamente humano e menino.
Com o terceiro criou um Cristo eternamente na cruz

E deixou-o pregado na cruz que há no céu
E serve de modelo às outras.
Depois fugiu para o sol
E desceu pelo primeiro raio que apanhou.
Hoje vive na minha aldeia comigo.
É uma criança bonita de riso e natural.
Limpa o nariz no braço direito,
Chapinha nas poças de água,
Colhe as flores e gosta delas e esquece-as.
Atira pedras nos burros,
Rouba as frutas dos pomares
E foge a chorar e a gritar dos cães.
E, porque sabe que elas não gostam
E que toda a gente acha graça,
Corre atrás das raparigas
Que vão em ranchos pelas estradas
Com as bilhas às cabeças
E levanta-lhes as saias.

A mim ensinou-me tudo.
Ensinou-me a olhar para as cousas,
Aponta-me todas as cousas que há nas flores.
Mostra-me como as pedras são engraçadas
Quando a gente as tem na mão
E olha devagar para elas.

Diz-me muito mal de Deus,
Diz que ele é um velho estúpido e doente,
Sempre a escarrar no chão
E a dizer indecências.
A Virgem Maria leva as tardes da eternidade a fazer meia,
E o Espírito Santo coça-se com o bico
E empoleira-se nas cadeiras e suja-as.
Tudo no céu é estúpido como a Igreja Católica.

Diz-me que Deus não percebe nada
Das coisas que criou -
"Se é que as criou, do que duvido" -
"Ele diz, por exemplo, que os seres cantam a sua glória,
mas os seres não cantam nada,
se cantassem seriam cantores.
Os seres existem e mais nada,
E por isso se chamam seres".
E depois, cansado de dizer mal de Deus,
O Menino Jesus adormece nos meus braços
E eu levo-o ao colo para casa.

Ele mora comigo na minha casa a meio do outeiro.
Ele é a Eterna Criança, o deus que faltava.
Ele é o humano que é natural,
Ele é o divino que sorri e que brinca.
E por isso é que eu sei com toda a certeza
Que ele é o Menino Jesus verdadeiro.
E a criança tão humana que é divina
É esta minha quotidiana vida de poeta,
E é porque ele anda sempre comigo que eu sou poeta sempre,
E que o meu mínimo olhar
Me enche de sensação,
E o mais pequeno som, seja do que for,
Parece falar comigo.

A Criança Nova que habita onde vivo
Dá-me uma mão a mim
E a outra a tudo que existe
E assim vamos os três pelo caminho que houver,
Saltando e cantando e rindo
E gozando o nosso segredo comum
Que é o de saber por toda a parte
Que não há mistério no mundo
E que tudo vale a pena.

A Criança Eterna acompanha-me sempre.
A direção do meu olhar é o seu dedo apontando.
O meu ouvido atento alegremente a todos os sons
São as cócegas que ele me faz, brincando, nas orelhas.
Damo-nos tão bem um com o outro
Na companhia de tudo
Que nunca pensamos um no outro,
Mas vivemos juntos a dois
Com um acordo íntimo
Como a mão direita e a esquerda.

Ao anoitecer brincamos as cinco pedrinhas
No degrau da porta de casa,
Graves como convém a um deus e a um poeta,
E como se cada pedra
Fosse todo o universo
E fosse por isso um grande perigo para ela
Deixá-la cair no chão.

Depois eu conto-lhe histórias das cousas só dos homens
E ele sorri, porque tudo é incrível.
Ri dos reis e dos que não são reis,
E tem pena de ouvir falar das guerras,
E dos comércios, e dos navios
Que ficam fumo no ar dos altos-mares.
Porque ele sabe que tudo isso falta àquela verdade

Que uma flor tem ao florescer
E que anda com a luz do sol
A variar os montes e os vales,
E a fazer doer aos olhos os muros caiados.
Depois ele adormece e eu deito-o
Levo-o ao colo para dentro de casa
E deito-o, despindo-o lentamente
E como seguindo um ritual muito limpo
E todo materno até ele estar nu.

Ele dorme dentro da minha alma
E às vezes acorda de noite
E brinca com os meus sonhos,
Vira uns de pernas para o ar,
Põe uns em cima dos outros
E bate as palmas sozinho
Sorrindo para o meu sono.

Quando eu morrer, filhinho,
Seja eu a criança, o mais pequeno.
Pega-me tu no colo
E leva-me para dentro da tua casa.
Despe o meu ser cansado e humano
E deita-me na tua cama.
E conta-me histórias, caso eu acorde,
Para eu tornar a adormecer.
E dá-me sonhos teus para eu brincar
Até que nasça qualquer dia
Que tu sabes qual é.

Esta é a história do meu Menino Jesus,
Por que razão que se perceba
Não há de ser ela mais verdadeira
Que tudo quanto os filósofos pensam
E tudo quanto as religiões ensinam?

quinta-feira, 28 de outubro de 2010

Deus Te Abençoe!
Pela amizade que você me devota,
Por meus defeitos que você nem nota…
Por meus valores que você aumenta,
Por minha fé que você alimenta…
Deus Te Abençoe!
Por esta paz que nós nos transmitimos,
Por este pão de amor que repartimos…
Pelo silêncio que diz quase tudo,
Por este olhar que me reprova mudo…
Deus Te Abençoe!
Pela pureza dos seus sentimentos,
Pela presença em todos os momentos…
Por ser presente, mesmo quando ausente,
Por ser feliz quando me vê contente…
Deus Te Abençoe!
Por este olhar que diz "Amigo, vá em frente!"
Por ficar triste, quando estou tristonho,
Por rir comigo quando estou risonho…
Por repreender-me, quando estou errado,
Deus Te Abençoe!
Por meu segredo, sempre bem guardado…
Por seu segredo, que só eu conheço,
E por achar que apenas eu mereço…
Por me apontar pra DEUS a todo o instante,
Por esse amor fraterno tão constante…
Por tudo isso e muito mais eu digo
"DEUS TE ABENÇOE,
MEU QUERIDO AMIGO!"

Fênix Faustine

Procuram-se amigos

Ricardo Gondim

Quando eu era menino, mamãe me aconselhava a tomar cuidado com os meus amigos. Depois, quando cresci mais, papai repetiu o surrado provérbio: “Dize-me com quem andas e te direi quem és”. Passados vários anos e com tanta água sob pontes e viadutos, não consigo avaliar se consegui obedecê-los. Sinto, porém, que preciso achar novos amigos.
Cheguei à meia idade bem decepcionado com a palavra Amizade. Esfolei os joelhos nos desdéns, aprofundei as ranhuras da cara com decepções e perdi tufos de cabelo com traições. Mas mesmo assim, reluto; não posso tornar-me cético, sei que devo manter-me próximo de amigos verdadeiros - Isso não é fácil!

Faz pouco tempo, devido à internet, encontrei um colega (já não posso chamar-lhe de amigo) - estranho, eu o considerava um "irmãozão". Havíamos perdido o contato há alguns anos. Redigi e mandei-lhe uma mensagem cheia de afeto e saudade. Na verdade, eu estava carente, necessitado de vínculos leais. Tal como um doente que aperta a campainha da UTI, desesperado pelo socorro do médico, eu clamava por sua atenção. Arrazado, amarguei uma resposta horrível. Ele candidamente agradeceu a “carta eletrônica” e não hesitou em propor que, daquele dia em diante, compartilhássemos esboços de sermão. Quase chorei. A última coisa que eu precisava era um “esqueleto” de pregação.

Entretanto, mesmo amealhando decepções, insisto em garimpar amigos.
Quero ser amigo de quem valoriza a lealdade. Quando papai esteve preso, o estigma de subversivo grudou nele. Um dia, ele me contou com lágrimas nos olhos que vários ex-colegas da Aeronáutica desciam a calçada para não se verem obrigados a cumprimentá-lo. Guardo esse trauma e, sinceramente, não consigo lidar com amizades de conveniência.
Preciso acreditar em amizades que não se intimidam com censuras, que não retrocedem diante do perigo e que não abandonam na hora do apedrejamento. Amigos não desertam.
Quero ser amigo de quem eu não deva me proteger, mas que também não se sinta acuado e com medo de mim. Não creio em companheirismo lotado de suspeita. Grandes amigos são vulneráveis; conversam sem cautela; sentem-se livres para rasgar a alma e sabem que confidências e segredos nunca serão jogados no ventilador da indiscrição. Amigos preferem proteger os amigos a defender normas, estatutos e leis.

Quero ser amigo de quem não se melindra com facilidade. Eu me conheço, sei que piso em calos. Agrido com meus silêncios. Uso a introspecção para tecer comentários ácidos e impensados. Às vezes quanto mais tento, mais me mostro tosco. Vou precisar de amigos que tolerem as minhas heresias, hesitações e pecados. Dependo de que suportem o baque de minhas inadequações, e que sejam teimosos em me querer bem.
Quero ser amigo, não simples parceiro de vocação. Já preguei em igrejas em que o pastor, depois da programação, se despediu de mim na calçada do aeroporto e nunca mais tive notícias dele ou da igreja. Não vou colocar o meu nome em conferências ou congressos que só me querem para divulgação. Recuso-me a reforçar eventos que engradecem pessoas ou instituições, mas não criam vínculos de carinho ou de cuidado.

Já não aguento abraços coreografados. Manifestações artificiais de coleguismo, me enfadam. Tornou-se ridículo para mim testemunhar pessoas dizendo "somos uma só família em Cristo" e depois vê-las alfinetando os "irmãos" com comentários venenosos.
Amizades certinhas, alimentadas por pieguismo e textos re-encaminhados de power-point, já não dizem muita coisa. Quanta preguiça e descuido jazem nas entrelinhas dos cartões de aniversário com frases prontas. Verdadeiros amigos sabem que seus sentimentos são preciosos e como é valioso compartilhá-los. Amizades superficiais são mais danosas do que inimizades explícitas.
Quero ser amigo de quem não tem necessidade de parecer certinho. Não tolero conviver com quem nunca tropeça nos próprios cadarços ou que jamais admitiu ter sonhos eróticos. Ando cauteloso com quem se arvora de ter a língua sob controle absoluto.Vez por outra preciso relaxar, rir do passado, sonhar maluquices para o futuro e conversar trivialidades.

Necessito de amigos que se deliciam em ouvir a mesma música duas vezes para perceber as sutilezas da poesia. Como é bom encontrar um velho camarada e comentar aquele filme que a gente acabou de assistir. Adoro partilhar pedaços do último livro que li. Vale contar com amigos que numa mesma conversa, elogiam ou espinafram políticos, pastores, atores, árbitros de futebol. Não existe preço para riso ou lágrima que vem da poesia.
Quero terminar os dias e poder afirmar que, mesmo desacreditado das ideologias, dos sistemas econômicos e das instituições religiosas, jamais negligenciei a minha melhor fortuna: meus bons e velhos amigos. Contudo, ainda desejo encontrar mais amigos.

Soli Deo Gloria.
http://www.ricardogondim.com.br/

Deus fala

por Lucas Lujan

Deus sempre falou com a humanidade. Falou na história, pela história. E acredito que Ele ainda fala.

Eu o ouço. Não se espante, não fiquei louco. O que aconteceu é que passei a ouvir com mais atenção. Treinei meus ouvidos. Ajustei minha interpretação. Procurei o caminho da sensibilidade. Da humanização. Do amor.

O ouço na risada do bebê que brinca com a comida; na gritaria das crianças que correm no parque; às vezes sua voz tem tom feminino, de mãe aconselhando filho, outras, tom masculino, de pai fazendo piada pra ver a filha sorrir.

O escuto no lamento diante do acidente; no silêncio desesperado do marido que perde a esposa prematuramente; no grito agudo da mulher que é abusada; no choro de fome das crianças do sertão; no sussurro envergonhado de quem é excluído; nas palavras desamparadas de quem não tem onde dormir ou o que vestir; muitas vezes sua voz é rouca por causa de sua garganta sedenta.

Ouço Deus nas palavras das hospitaleiras que recebem pessoas em casa, servem comida à vontade e cedem a cama; ouço Deus pela voz do professor que luta para educar; nos lábios de quem reage contra a injustiça; nas palavras apressadas do médico para que a vida não se vá; sua voz é nítida e forte saída da boca do bombeiro que orienta buscas no morro soterrado.

Ouço sua angustia diante das absurdas injustiças sociais, de toda opressão econômica e política; ouço seu protesto na voz de quem se sente palhaço votando; sua voz é fraca nos lábios de quem foi humilhado, mas forte quando emitida por quem quer dignidade.

Já ouvi sua voz serena conceder paz e perdão ao errante; já escutei suas palavras misericordiosas ditas ao culpado; ouço-o nas palavras de quem não perde a esperança diante do caos; na confiança de quem acredita no amor; no trincar de dentes do menino soldado que não desisti da vida.

Sua voz é afinada no canto da faxineira que levanta de madrugada para sustentar os filhos; é empoeirada no pedreiro que não almoça para poder jantar; é molhada na boca da lavadeira que alimenta o pai doente; é amarga na boca de quem tem amor ausente.

Voz de justiça nos lábios do juiz íntegro, do advogado responsável; voz de igualdade social emitida pelo economista banqueiro dos pobres; voz profética na boca do padre que denuncia a indiferença, na boca o pastor que aponta a corrupção.

Ouço-o na beleza das palavras do poeta; na música do compositor apaixonado; nas mãos de instrumentistas habilidosos; nas páginas dos escritores vislumbrados com o mundo; na arte de quem reverencia a vida humana.

Sua voz nunca tem tom de poder, de soberania, de imposição. Ao contrário, o ouço na fraqueza do nazareno crucificado.

Deus se revela pela Palavra. Palavra encarnada, jogada na vida, mundana. Por isso é possível ouvi-lo.

A questão, então, não é se Deus fala; é quem está disposto a ouvi-lo.

http://jovensbetesdaon.com/deus-fala/

segunda-feira, 18 de outubro de 2010

Assim eu vejo a vida

A vida tem duas faces:
Positiva e negativa
O passado foi duro
mas deixou o seu legado
Saber viver é a grande sabedoria
Que eu possa dignificar
Minha condição de mulher,
Aceitar suas limitações
E me fazer pedra de segurança
dos valores que vão desmoronando.
Nasci em tempos rudes
Aceitei contradições
lutas e pedras
como lições de vida
e delas me sirvo
Aprendi a viver.

Cora Coralina

sexta-feira, 15 de outubro de 2010

Simplicidade

Vai diminuindo a cidade
Vai aumentando a simpatia
Quanto menor a casinha
Mais sincero o bom dia

Mais mole a cama em que durmo
Mais duro o chão que eu piso
Tem água limpa na pia
Tem dente a mais no sorriso

Busquei felicidade
Encontrei foi Maria
Ela, pinga e farinha
E eu sentindo alegria

Café tá quente no fogo
Barriga não tá vazia
Quanto mais simplicidade
Melhor o nascer do dia

Pato Fu - Composição: John

quarta-feira, 6 de outubro de 2010

"Os cães são o nosso elo com o paraíso. Eles não conhecem a maldade, a inveja ou o descontentamento. Sentar-se com um cão ao pé de uma colina numa linda tarde, é voltar ao Éden onde ficar sem fazer nada não era tédio, era paz."
(Milan Kundera)

terça-feira, 5 de outubro de 2010

Parar de pensar

Você encontra uma lâmpada mágica no meio do deserto, dá uma esfregadinha e de dentro sai um gênio meio afetado, que concede a você a realização de um desejo. Humm…
Você pediria um segundinho pra pensar? Eu não pensaria um segundo. Aliás, o meu desejo seria justamente este: por bem mais que um segundo, digamos por dois dias, gostaria de parar de pensar. Parar totalmente de pensar.
Ué, Saramago escreveu sobre um lugar em que as pessoas paravam de morrer. Salve a ficção, a casa de todos os delírios. Que tal, temporariamente, parar de pensar?
Eu acordaria e não pensaria em nada. Sendo assim, voltaria a dormir, sem mais despertar todo dia às seis da manhã, como sempre faço, pensando em mil tranqueiras e coisas a providenciar.
Mas parar de pensar não impede a fome, então uma hora eu teria que levantar da cama e ir pra mesa - quem decidiu o cardápio? Aleluia, eu é que não fui. Não penso mais nessas coisas.
Abro o jornal, leio todas as matérias e não me ocorre nenhum pensamento tipo: “É pró bolso destes malandros que vai meu imposto”, “Não acredito que fizeram isso com uma criança” ou “Caramba, como fui perder este show?”. Eu não penso, portanto, não sofro.
Passo por um espelho e não dou a mínima para o que vejo. Espinhas, olheiras, cabelo fora de moda, danem-se. Moda, falei em moda? Era só o que me faltava ocupar meu cérebro com essas trivialidades.
Tudo vazio lá dentro, um descampado, um silêncio, o paraíso. Você não pensa mais em como aumentar sua renda mensal, em como fazer seus filhos comerem melhor, em como arranjar tempo para deixar o carro na revisão, em como encontrar um lugar barato para passar as férias, em como ajudar seus pais a atravessarem a velhice, em como não ser indelicada ao recusar um convite, em como ter coragem para chutar o balde, em como responder um e-mail irritante, em como esconder dos outros suas dores, em como arranjar tempo para ir ao médico, em como você tem medo de que as coisas nunca mudem e, se mudarem, em como enfrentar. Você não precisa pensar em mais nada, você pediu ao gênio e ele, camarada, atendeu.
Aproveite, são apenas dois dias. Não precisa ter opinião sobre o Lula, sobre o Alckmin, sobre a segurança do espaço aéreo, sobre a reviravolta do clima no planeta, sobre o último disco do Caetano, sobre o vídeo da Cicarelli, sobre os resultados do Brasileirão.
Você está de férias de você. Não tem nem motivo para chorar. Seu amor se foi? Tudo bem. Você não pensa em rejeição, não pensa que ele tem outra, não pensa que vai surtar.
Jogue fora os antidepressivos, não precisa nem mesmo passar creme anti-rugas. Por dois dias, seu humor está neutro e suas rugas se foram. Esse seu olhar sereno, essa sua fala pausada… Nossa, sabia que você ficou até mais sexy?
Tudo isso é uma viagem sem sentido. Concordo. Mas vai dizer que, às vezes, acionar o pause no cérebro não lhe passa pela cabeça?

Martha Medeiros

terça-feira, 28 de setembro de 2010

João 21:15

E, depois de terem jantado, disse Jesus a Simão Pedro:
Simão, filho de João, você me ama mais do que estes?
Disse ele: Sim, Senhor, tu sabes que te amo.
Disse Jesus: Cuide dos meus cordeiros.
Novamente Jesus disse: Simão, filho de João, você me ama?
Ele respondeu: Sim, Senhor, tu sabes que te amo.
Disse Jesus: Pastoreie as minhas ovelhas.
Disse-lhe pela terceira vez: Simão, filho de João, você me ama?
 Pedro entristeceu-se por Jesus lhe ter perguntado pela terceira vez:
Você me ama?
E disse-lhe: Senhor, tu sabes todas as coisas e sabes que te amo.
Disse-lhe Jesus : Cuide as minhas ovelhas.

A melhor e mais verdadeira forma de demonstrar amor por Deus
 é transformando-o em ações.

sexta-feira, 24 de setembro de 2010

Deus vem...

Quando tudo parece perdido eu penso em Deus…
Quando eu acho que não vou agüentar,
Deus pensa em mim…
E, quando Ele pensa em mim,
Meu sorriso se abre como num milagre.
O vento parece soprar mais forte,
Como se estivesse a me beijar.
O Sol se irradia mais deslumbrantemente.
O tempo pára e me espera,
Para que eu não perca tempo.
A minha boca entoa louvores
E os meus pensamentos desaparecem.
Fica um silêncio, uma paz, uma tranqüilidade…
É nesse momento que eu sei que é Deus que está comigo…
Que eu O encontro dentro de mim mesma,
Que eu me sinto mais amada,
Que eu quero mais da vida…
Só Deus sabe de mim…
Vem e me usa, Senhor!
Faz o Teu querer em mim,
Afasta de mim o que quer me calar
E cala em mim o que não vem de Ti.
Quando eu pensei que não ia mais conseguir me levantar,
Eu clamei a Ti…
Quando o Senhor percebeu que eu não queria mais tentar,
Tu chamaste a mim
E fez a minha boca, com louvores, te servir.

Canção do Sonho Acabado

Já tive a rosa do amor
- rubra rosa, sem pudor.
Cobicei, cheirei, colhi.
Mas ela despetalou
E outra igual, nunca mais vi.
Já vivi mil aventuras,
Me embriaguei de alegria!
Mas os risos da ventura,
No limiar da loucura,
Se tornaram fantasia…
Já almejei felicidade,
Mãos dadas, fraternidade,
Um ideal sem fronteiras
- utopia! Voou ligeira,
Nas asas da liberdade.
Desejei viver. Demais!
Segurar a juventude,
Prender o tempo na mão,
Plantar o lírio da paz!
Mas nem mesmo isto eu pude:
Tentei, porém nada fiz…
Muito, da vida, eu já quis.
Já quis… mas não quero mais…

Helenita Scherma

Meu cotidiano

Meu cotidiano,
Acabei sem tomar café
Amanheci só
Amanheci triste e com vontade de amar
Mas, quando abri os olhos,
A realidade foi mais forte que o o Sol que entrava pela janela
espetando os meus olhos...
Então me levantei e respirei o ar de mais um dia intragável
Eu poderia nem me levantar
Poderia deitar para sempre
Pois, voltei a ter meus desejos
Só que, como sempre,
Torná-los reais é tão difícil!
Não sei qual o meu destino,
Sei que me sinto sempre muito só
E essa solidão é muito ruim,
É irritante, agressiva, insuportável,
E, cada dia que passa,
Essa solidão que faz pesar o meu corpo
Também me sufoca
Também me põe contra a parede
E me faz querer gritar...
Na verdade, quero fazer muito mais que isso...
Mas é justamente para isso que me falta coragem.
Falta coragem até para rir,
Até para chorar me falta coragem,
Menos para escrever,
Menos para me lastimar
E sentir toda a tristeza em meu coração.
Aquela tristeza que espreme meu peito até eu sufocar,
Sem ar e fica impossibilitada de me mexer.
Hoje eu acabei sem tomar café,
Porque não tinha coragem nem de abrir a boca.

Germana Facundo

terça-feira, 21 de setembro de 2010

I believe I can fly

        Eu pensava que eu não pudesse continuar,
   A vida era nada mais que uma canção horrível.
Mas agora eu sei o significado do verdadeiro amor.
                 Eu estou me apoiando nos braços perpétuos.
                                                                  Se eu posso ver isto,
                                                              Então eu posso fazer isto.
                                                   Se eu simplesmente acredito nisto,
                                                                  Não há nada que impeça isto.
                                                        Eu acredito que eu posso voar...
                                           Eu acredito que eu posso tocar o céu.
                                        Eu penso nisso todas as noites e dias,
                                                          Abro minhas asas e voô.
                                       Eu acredito que eu posso planar.
       Eu me vejo transpassando aquela porta aberta.
                                 E acredito que eu posso voar...
Veja eu estava triste à beira de um rompimento.
         Um tempo em silêncio, pode parecer tão alto.
                               Há milagres em vida eu devo ativar,
                       Mas primeiro eu sei começa dentro de mim.
                                                             Se eu posso ver, ver isto,
                                                                   Então eu posso ser isto.
                                                  Se eu simplesmente acreditar nisto.
                                                    Eu acredito que eu posso voar...
                                     Eu acredito que eu posso tocar o céu.
                                 Eu penso nisso todas as noites e dias.
                                                   Abro minhas asas e voô
                               Eu acredito que eu posso planar.

Eu me vejo transpassando aquela porta aberta.
                                          Eu acredito que eu posso voar!

sábado, 18 de setembro de 2010

... eu sou desdobrável

Com licença poética

Quando nasci um anjo esbelto,
desses que tocam trombeta, anunciou:
vai carregar bandeira.
Cargo muito pesado pra mulher,
esta espécie ainda envergonhada.
Aceito os subterfúgios que me cabem,
sem precisar mentir.
Não sou feia que não possa casar,
acho o Rio de Janeiro uma beleza e
ora sim, ora não, creio em parto sem dor.
Mas o que sinto escrevo. Cumpro a sina.
Inauguro linhagens, fundo reinos
— dor não é amargura.
Minha tristeza não tem pedigree,
já a minha vontade de alegria,
sua raiz vai ao meu mil avô.
Vai ser coxo na vida é maldição pra homem.
Mulher é desdobrável. Eu sou.


Adélia Prado

Autopsicografia

O poeta é um fingidor.
Finge tão completamente
Que chega a fingir que é dor
A dor que deveras sente.

E os que lêem o que escreve,
Na dor lida sentem bem,

Não as duas que ele teve,
Mas só a que eles não têm.

E assim nas calhas de roda
Gira, a entreter a razão,
Esse comboio de corda
Que se chama coração.

Fernando Pessoa

terça-feira, 14 de setembro de 2010

Beleza que faz a vida irresistível

O belo se esconde no evidente. Imiscui-se por toda a parte. Ora claro, ora escuro, tinge a textura do cotidiano. Muitas vezes camuflado no óbvio, pega o coração de surpresa. Olhos displicentes correm o risco de não captar toda a formosura que permeia a vida.
Um coração desolado não vê o inefável porque basta um instante, um hiato, um risco no céu, para sumir o que pode encher a vida de viço. Sempre alguma lindeza esquecida espera ser descoberta no fundo do pântano, na escarpa da rocha, no rosto crispado da viúva, no riso frouxo do adolescente.

Em cada alvorada renasce um anseio renovado pelo belo. O orvalho aguça o desejo de alimentar a alma com os diferentes matizes da mata. Quando o dia se alonga, temos fome; uma fome pelo eterno. E a noite traz a bruma leve do Espírito que faz do descanso o tempo dos sonhos.

De repente, sempre de repente, no dia-a-dia, está um anelo pela nuança da poesia; nuança que transfigura as letras em recado divino. O corpo pede melodia para deixar o coração estranhamente sereno; e da calma, vem a excitação que converte o lamento em vontade de pular de alegria. Existe, sim, uma beleza que torna a vida irresistível.

O belo está sempre por perto e tem poder. Fascinante, inspira o poeta. Trasforma o leigo em criador fecundo, incorpora contentamento no triste, sensibiliza o bruto,muda o apático em trovador, leva o tosco a bailar em ritmos imponderáveis e sensibiliza o cético para que perceba a eternidade na realidade crua.

O belo é divino.

Soli Deo Gloria
Ricardo Gondim
http://www.ricardogondim.com.br/Artigos/

terça-feira, 3 de agosto de 2010

Tudo o que eu precisava saber, eu aprendi no Jardim de Infância

A maior parte do que eu realmente precisava saber sobre viver e o que
fazer e como ser, eu aprendi no Jardim da Infância.
Na verdade, a sabedoria não está lá no alto morro da Faculdade, mas sim bem ali, na caixa de areia da escolinha.
As coisas que aprendi foram estas: reparta as coisas, jogue limpo, não bata nos outros, ponha as coisas de volta onde as encontrou, limpe a bagunça que você fez, não pegue coisas que não são suas, diga que você sente muito quando machucou alguém, lave as mãos antes de comer, puxe a descarga, biscoitos e leite quentinho fazem bem.
Viva uma vida equilibrada: aprenda um pouco, pense um pouco, desenhe e pinte e cante e dance e brinque e trabalhe um pouco... Todos os dias. Tire um cochilo todas as tardes. Quando você sair por ai preste atenção no trânsito e caminhe, de mãos dadas, junto com os outros.
Observe os milagres acontecerem ao seu redor. Lembre-se do feijãozinho no algodão molhado, no copinho plástico. As raízes crescem por baixo e ninguém sabe como e porque, mas todos somos assim. Peixinhos dourados e porquinhos da Índia e ratinhos brancos e mesmo o feijãozinho do copinho plástico – todos morrem. Nós também. E lembre do livro do Joãozinho e Maria e a primeira palavra que você aprendeu, sem perceber. A maior palavra de todas: OLHE!
Tudo o que você precisa mesmo saber está ai, em algum lugar. As regras básicas do convívio humano, o amor, os princípios de higiene; ecologia, política e saúde. Pense como o mundo seria melhor se todos, todo mundo na hora do lanche tomasse um copo de leite com biscoitos e depois pegasse o seu cobertorzinho e tirasse uma soneca. Ou se tivéssemos uma regra básica, na nossa nação e em todas as nações, de pôr as coisas de volta nos lugares onde as encontramos e de limpar a nossa própria bagunça.
E será sempre verdade, não importa quantos anos você tenha, se você sair por aí, pelo mundo afora, o melhor mesmo é poder dar as mãos aos outros, e caminhar sempre juntos.


quarta-feira, 30 de junho de 2010

Prece para o fim da tarde...

Meu Deus,

Cheguei onde cheguei carregando minha mochila com momentos bons e de pranto.
Foi somando tais momentos que me vi expulso de uma zona de conforto mentirosa.
Quebraram o aquário onde eu me sentia abrigado.
De repente, fui jogado no ribeiro e forçado a nadar em águas tumultuadas.
Aprendo a me desviar das rochas. Evito as cascatas.


Não, Senhor, não estou amargurado.
Não guardo rancor dos belicosos que me estapearam.
Das fossas, percebi que posso me despir das fantasias grandiosas que me escondiam de mim.

Tu tens um jeito delicado de limpar as nódoas mal cheirosas que encardem a pele da gente.

Ensina-me a contar os dias que não existem, e que nem sei se viverei.
Por enquanto, só preciso de ajuda para tirar do alforje coisas boas e ruins, o material de minha esperança.


Ricardo Gondim
Soli Deo Gloria

quarta-feira, 12 de maio de 2010

Eu sei, mas não devia

Eu sei que a gente se acostuma. Mas não devia.

A gente se acostuma a morar em apartamentos de fundos e a não ter outra vista que não as janelas ao redor. E, porque não tem vista, logo se acostuma a não olhar para fora. E, porque não olha para fora, logo se acostuma a não abrir de todo as cortinas. E, porque não abre as cortinas, logo se acostuma a acender mais cedo a luz. E, à medida que se acostuma, esquece o sol, esquece o ar, esquece a amplidão.

A gente se acostuma a acordar de manhã sobressaltado porque está na hora. A tomar o café correndo porque está atrasado. A ler o jornal no ônibus porque não pode perder o tempo da viagem. A comer sanduíche porque não dá para almoçar. A sair do trabalho porque já é noite. A cochilar no ônibus porque está cansado. A deitar cedo e dormir pesado sem ter vivido o dia.

A gente se acostuma a abrir o jornal e a ler sobre a guerra. E, aceitando a guerra, aceita os mortos e que haja números para os mortos. E, aceitando os números, aceita não acreditar nas negociações de paz. E, não acreditando nas negociações de paz, aceita ler todo dia da guerra, dos números, da longa duração.

A gente se acostuma a esperar o dia inteiro e ouvir no telefone: hoje não posso ir. A sorrir para as pessoas sem receber um sorriso de volta. A ser ignorado quando precisava tanto ser visto.

A gente se acostuma a pagar por tudo o que deseja e o de que necessita. E a lutar para ganhar o dinheiro com que pagar. E a ganhar menos do que precisa. E a fazer fila para pagar. E a pagar mais do que as coisas valem. E a saber que cada vez pagar mais. E a procurar mais trabalho, para ganhar mais dinheiro, para ter com que pagar nas filas em que se cobra.

A gente se acostuma a andar na rua e ver cartazes. A abrir as revistas e ver anúncios. A ligar a televisão e assistir a comerciais. A ir ao cinema e engolir publicidade. A ser instigado, conduzido, desnorteado, lançado na infindável catarata dos produtos.

A gente se acostuma à poluição. Às salas fechadas de ar condicionado e cheiro de cigarro. À luz artificial de ligeiro tremor. Ao choque que os olhos levam na luz natural. Às bactérias da água potável. À contaminação da água do mar. À lenta morte dos rios. Se acostuma a não ouvir passarinho, a não ter galo de madrugada, a temer a hidrofobia dos cães, a não colher fruta no pé, a não ter sequer uma planta.

A gente se acostuma a coisas demais, para não sofrer. Em doses pequenas, tentando não perceber, vai afastando uma dor aqui, um ressentimento ali, uma revolta acolá. Se o cinema está cheio, a gente senta na primeira fila e torce um pouco o pescoço. Se a praia está contaminada, a gente molha só os pés e sua no resto do corpo. Se o trabalho está duro, a gente se consola pensando no fim de semana. E se no fim de semana não há muito o que fazer a gente vai dormir cedo e ainda fica satisfeito porque tem sempre sono atrasado.

A gente se acostuma para não se ralar na aspereza, para preservar a pele. Se acostuma para evitar feridas, sangramentos, para esquivar-se de faca e baioneta, para poupar o peito. A gente se acostuma para poupar a vida. Que aos poucos se gasta, e que, gasta de tanto acostumar, se perde de si mesma.

Marina Colasanti

quinta-feira, 6 de maio de 2010

domingo, 2 de maio de 2010

Recebe a cura... recebi a cura!

Se tentaram matar os teus sonhos sufocando o teu coração,
Se lançaram você numa cova e ferido perdeu a visão.

Não desista, não pare de crer os sonhos de Deus jamais vão morrer!
Não desista, não pare de lutar, não pare de adorar!

Levanta seus olhos e vê,
Deus está restaurando os teus sonhos, e a tua visão!
Recebe a cura, recebe a unção...
Unção de ousadia, unção de conquista, unção de multiplicação!

Essa música da Ludmila Ferber penetrou no meu espírito como uma espada de dois gumes.
Hoje o Senhor falou comigo, disse prá eu ter paciência e esperança, prá não desistir porque Ele tem uma promessa e irá cumprir na minha vida, disse prá eu descansar e viver como se já tivesse recebido a benção. É dessa maneira que eu vou caminhar daqui em diante, o Senhor renovou em mim a fé e a esperança e eu estou muito feliz por isso.
Obrigada Senhor porque hoje eu começo a gerar o meu milagre pela fé, Em Nome de Jesus!


terça-feira, 20 de abril de 2010

Nunca pare de lutar

O que vem para tentar ferir o valente de Deus em meio as suas guerras?
Que ataque é capaz, de fazê-lo olhar para trás e querer desistir?
Que terrível arma é usada para tentar paralisar sua fé?

Cansaço, desânimo logo após uma vitória, a mistura de um desgaste
com um contra-ataque do mal, a dor de uma perda, ou a dor da traição.
Uma quebra de aliança que é a raiz da ingratidão.
Se alguém está assim, preste muita atenção!

Ouça o que vem do coração de Deus,
Em tempos de guerra nunca pare de lutar
Não baixe a guarda nunca pare de lutar
Em tempos de guerra nunca pare de adorar

Libera uma palavra profetiza sem parar,
O escape, o descanso, a cura e a recompensa vem sem demora...

É só acreditar!

sexta-feira, 26 de março de 2010

Mais um aniversário!!!


Obrigada Jesus por mais um ano de vida longa e próspera!
Eu te agradeço por tudo que eu tenho, por tudo que eu sou, por tudo que o Senhor ainda irá realizar na minha vida, obrigada pela semente plantada! Eu te amo Senhor!

domingo, 7 de março de 2010

Eu tenho a marca da promessa

Se tentam destruir-me zombando da minha fé,
E até tramam contra mim.
Querem entulhar meus poços,
Querem frustrar meus sonhos e me fazer desistir.
Mas quem vai apagar o selo que há em mim,
A marca da promessa que Ele me fez?
E quem vai me impedir, se decidido estou?
Pois quem me prometeu é fiel pra cumprir!
O meu Deus nunca falhará,
Eu sei que chegará minha vez.
Minha sorte Ele mudará diante dos meus olhos!
Eu tenho a marca da promessa!!!

Eu creio!

quarta-feira, 24 de fevereiro de 2010

Mulher de Fé

Uma mulher de fé move o coração do Rei,
Faz o deserto florescer.
Uma mulher de fé é incansável na esperança,
Traz na lembrança o bem de Deus,
E não desistirá jamais.
Quando uma mulher decide orar,
E derramar o coração aos pés do salvador Jesus.
Deus não negará o seu melhor,
A uma mulher de fé, uma mulher de fé.
Uma mulher de fé tocou no manto do Senhor,
E o impossível aconteceu e acontecerá.
Uma mulher de fé tocou no manto do Senhor,
E o impossível vai acontecer com você.
Quando uma mulher decide orar,
E leva os sonhos ao Senhor e ora mesmo prá valer.
Deus responderá com o melhor,
A uma mulher de fé, uma mulher de fé!

Amém,

sexta-feira, 15 de janeiro de 2010

quinta-feira, 7 de janeiro de 2010

Ano Novo com um Novo Olhar

O mais legal e prazeroso nessa vida é olhar para trás e sentir orgulho da nossa história.
O grande lance é viver cada momento como se fosse o último. É claro que a vida prega peças.
É lógico que, por vezes, o pneu fura, chove demais... mas, pensa só: tem graça viver sem rir de gargalhar pelo menos uma vez ao dia? Tem sentido ficar chateado durante o dia todo por causa de uma discussão no trânsito?
Quero viver bem!
2009 foi um ano "abençoado"... cheio de coisas boas e conquistas, mas também cheio de problemas e desilusões... Normal! Grana que não veio, sonhos frustrados, coração machucado, enfim...
Normal! 2010 não vai ser diferente, rs... muda o século, o milênio muda, o homem continua cheio de imperfeições, mas e daí? Fazer o quê? Acabar com seu dia? Com seu bom humor? Com sua esperança?
O meu desejo para todos nós é: sabedoria!
Que todos saibamos transformar tudo em uma boa experiência!
Que todos consigamos perdoar o desconhecido, o mal educado... ele passou em nossas vidas, já era, não pode ser responsável por um dia ruim... entender o amigo que não merece nossa melhor parte, também faz parte, se ele decepcionou, passe-o para a categoria 3, a dos colegas... rsrs.
Além do mais, a gente, provavelmente, também já decepcionou alguém.
Chorar de dor, de solidão, de tristeza, faz parte do ser humano. Não adianta lutar contra isso. Mas se nos entendermos e permitirmos olhar o outro e o mundo com generosidade, as coisas ficam bem diferentes, então como diria um grande amigo, eu te pergunto, você prefere ter razão ou ser feliz?
Sim, porque se prefere ter razão vai continuar lutando contra tudo isso que foi dito, agora se prefere ser feliz... ah... Deus tem um ano novinho em folha prá te entregar, o resto é com a gente, vamos viver esse ano com intensidade e muito amor nos corações sabendo que existe um Deus que cuida de tudo prá nós.
O Senhor te abençoe!
feliz 2010