quinta-feira, 17 de março de 2011

O que será

O que será que será, que andam suspirando pelas alcovas?
Que andam sussurrando em versos e trovas?
Que andam combinando no breu das tocas?
Que anda nas cabeças?
Anda nas bocas?
Que andam acendendo velas nos becos?
Estão falando alto pelos botecos
E gritam nos mercados que com certeza, está na natureza
Será, que será?
O que não tem certeza nem nunca terá!
O que não tem concerto nem nunca terá!
O que não tem tamanho...
O que será? Que Será?
Que vive nas idéias desses amantes
Que cantam os poetas mais delirantes
Que juram os profetas embriagados
Está na romaria dos mutilados
Está nas fantasias dos infelizes
Está no dia a dia das meretrizes
No plano dos bandidos dos desvalidos
Em todos os sentidos
Será, que será?
O que não tem decência nem nunca terá!
O que não tem censura nem nunca terá!
O que não faz sentido...
O que será? Que será?
Que todos os avisos não vão evitar
Porque todos os risos vão desafiar
Porque todos os sinos irão repicar
Porque todos os hinos irão consagrar
E todos os meninos vão desembestar
E todos os destinos irão se encontrar
E mesmo padre eterno que nunca foi lá
Olhando aquele inferno vai abençoar!
O que não tem governo nem nunca terá!
O que não tem vergonha nem nunca terá!
O que não tem juízo...

[Chico Buarque]

Saudade

Saudade é solidão acompanhada,
é quando o amor ainda não foi embora,
mas o amado já...

Saudade é amar um passado que ainda não passou,
é recusar um presente que nos machuca,
é não ver o futuro que nos convida...

Saudade é sentir que existe o que não existe mais...

Saudade é o inferno dos que perderam,
é a dor dos que ficaram para trás,
é o gosto de morte na boca dos que continuam...

Só uma pessoa no mundo deseja sentir saudade:
aquela que nunca amou.

E esse é o maior dos sofrimentos:
não ter por quem sentir saudades,
passar pela vida e não viver.

O maior dos sofrimentos é nunca ter sofrido.


Pablo Neruda

quarta-feira, 9 de março de 2011


Eis-me aqui, outra vez
Diante de ti abro o meu coração
Meu clamor, tu escutas
E fazes cair as barreiras em mim
És fiel Senhor, e dizes
Palavras de amor e esperanças sem fim
Ao sentir teu toque
Por tua bondade libertas meu ser
No calor deste lugar,
Eu venho me derramar dizer que te amo
Me derramar dizer te preciso,
Me derramar dizer que sou grato
Me derramar dizer que és formoso...
A primeira vez que ouvi essa canção foi na Betesda, eu tremi...

sábado, 5 de março de 2011

A Glória de Deus é compartilhar

A Glória de Deus é compartilhar
É dividir, é repartir, multiplicar
É ver a sua abundante Graça
Agir onde havia desgraça
O riso de Deus é a comunhão
Eu e você querendo ser um coração
É ver a mão da gente estendida
Ver a nossa vida gerando,
Gerando mais vida.

Mas a lágrima dos olhos de Deus
É ver os que dizem ser seus
Vivendo prá si, morrendo prá si
Mesmo assim achando-se
Filhos de Deus
Não era prá ser assim
Não era o que Deus planejou...
Mas ver a nossa vida gerando,
Ver a nossa vida frutificando
Ver a nossa vida gerando,
Gerando mais vida

Letra e Música de Gerson Borges

sexta-feira, 4 de março de 2011

Eta menina faminta de vida!

Entrou o mês de março. Estarei dentro de poucos dias fazendo aniversário.
É interessante, como nessa época, me olho mais, me analiso, revejo minha vida meus valores, mas sempre caio na mesma cilada: comprar cosméticos para deixar lá na gaveta e colocar fora ano que vem. Sou muito preguiçosa para esses rituais.
Enquanto isso, cada ruguinha está lá no mesmo lugar, acrescida de outras tantas. Como se multiplicam essas danadas...Sem contar com o rosto amassado e caído que a gente fica.

Procuro eu em mim nos meus olhos, (deixando os arredores, as rugas e inchaços, “bolsas e acessórios” ) lá, bem no fundo, na menina do olho, ainda olho a menina se deixando viver.
Eta menina faminta de vida! Que bom me encontrar...

Parâmetro

Deus é mais belo que eu.
E não é jovem.
Isso, sim, é consolo.


Adélia Prado
 
Obs: no texto original o mês é agosto, adaptado para março mês de meu aniversário